Um Ano de Amor, Fé e Esperança
Por: Cláudia Santos
Apesar dos diagnósticos que apontavam que ela viveria apenas minutos, Marcela de Jesus Galante Ferreira, a bebê anencéfala do município de Patrocínio Paulista (SP), completou, em 20 de novembro, seu primeiro aniversário. A mãe, a católica Cacilda Galante Ferreira, 36 anos, mãe de outras duas filhas adolescentes, de 15 e 19 anos, sente-se feliz e orgulhosa pelo seu desenvolvimento nos últimos meses. Marcela é um bebê forte, com 12 kg e 70 cm, escuta, sim, e reage. Quando algo a incomoda, chora, grita. Não vive, como muitos pensam, em estado vegetativo.
Sua história gerou uma série de discussões desde o seu nascimento, mas o mais importante é que tem reforçado – como dissemos em editorial publicado em janeiro, quando Marcela já contava com mais de um mês – o respeito que devemos ter pela vida, seja lá como e por quanto tempo ela se apresente, independentemente do estágio ou condição em que se encontre.
Cacilda vive, como diz, um dia de cada vez. Segue feliz, simplesmente por ter sua filha ao seu lado, sem se importar com o que possa vir a ocorrer. Não sabemos em quanto tempo essa história terá desfecho, pelo menos aqui na Terra, mas seu exemplo de mãe, de simplicidade, amor e respeito pela vida, como demonstra na entrevista que nos concedeu abaixo, deve nos fazer refletir: se cada segundo de sua existência está sendo precioso para sua mãe, conforme ela própria declarou, com certeza está fazendo maravilhas à própria Marcela, que pode estar reescrevendo a sua história.
Folha espírita – Você soube, durante a gestação, que ela seria um bebê diferente dos demais. Pensou, em algum momento, em não levar a gravidez adiante?
Cacilda – No quarto mês de gravidez o médico fez o ultra-som e contou para o meu marido que teríamos um bebê anencéfalo, que ele não teria vida, iria morrer. Meu marido me contou alguns dias depois, mas nada pensei naquele momento. De fato, entreguei nas mãos de Deus e pensei que deveria ser feita a sua vontade. Sabia que Deus e Nossa Senhora me dariam forças. Independentemente de como iria nascer, o importante era que nascesse. Acho que só Deus dá a vida e só ele tem o direito de tirá-la. A gente não escolhe os filhos, Deus faz isso. Temos de fazer a nossa parte: amar, dar carinho e educação.
FE – O que a Marcela significa para você?
Cacilda – Significa amor, fé, esperança e vida. Não penso no que pode vir a acontecer. Vivo cada momento.
FE – Como é seu dia-a-dia com ela?
Cacilda – Tenho uma rotina normal. Levanto cedo, alimento-a, troco. Eu a trato como se fosse igual às minhas outras filhas. Ela sorri, grita, fala, chora. A gente se surpreende com ela a cada momento. Ela não é igual a todos, mas tem seu jeito.
FE – Como se sente às vésperas de seu primeiro aniversário? (a entrevista foi feita um dia antes)
Cacilda – Estou muito feliz e realizada. Vamos comemorar seu aniversário com uma missa aqui na igreja da cidade.
FE – Que mensagem você mandaria a outras mães que ficam sabendo de problemas com seus bebês durante a gravidez e pensam em abortar?
Cacilda – Elas devem acreditar em Deus, entregar-se de corpo e alma. Deus pode fazer o impossível na vida delas, assim como está fazendo na minha. Eu acredito que Deus está me acompanhando, me carregando todo o tempo. Não me sinto triste em nenhum momento. Fico apenas chateada com as opiniões de vários médicos, que não conhecem a Marcela e dizem coisas sem saber. Uma revista semanal informou, recentemente, que ela era uma menina sem estrela... Que ia completar nove meses sem sentir meu carinho... Isso é mentira... A Marcela me surpreende a cada segundo. Ela me ensina um pouquinho a cada dia...
Cacilda – Elas devem acreditar em Deus, entregar-se de corpo e alma. Deus pode fazer o impossível na vida delas, assim como está fazendo na minha. Eu acredito que Deus está me acompanhando, me carregando todo o tempo. Não me sinto triste em nenhum momento. Fico apenas chateada com as opiniões de vários médicos, que não conhecem a Marcela e dizem coisas sem saber. Uma revista semanal informou, recentemente, que ela era uma menina sem estrela... Que ia completar nove meses sem sentir meu carinho... Isso é mentira... A Marcela me surpreende a cada segundo. Ela me ensina um pouquinho a cada dia...
Pediatra Confirma Anencefalia
A pediatra Márcia Barcellos, que cuida da pequena Marcela desde o seu nascimento, confirmou, após a realização de uma segunda ressonância magnética, em novembro, que ela é sim um bebê anencéfalo.
“O diagnóstico continua sendo de anencefalia. A Marcela tem ausência de córtex (cérebro) e calota craniana, o que faz dela uma anencéfala. Mas ela possui o tronco cerebral, composto por ponte, mesencéfalo – neste caso em pequena proporção – e bulbo, o que mantém sua freqüência cardíaca e respiratória”, explica.
Segundo Márcia, por não possuir o córtex e a calota craniana, Marcela não deveria ter movimentos coordenados, mas ela os tem. “Isso é uma surpresa, um mistério. Cientificamente, não tem explicação”, avalia a médica, que afirmou não existirem casos como o de Marcela para comparação. “Ela não vive em estado vegetativo. Para se ter uma idéia, ela retira sozinha a sonda que colocamos para alimentação, assim como o capacete para respiração – ele foi colocado apenas para melhorar a sua oxigenação, mas não há necessidade de utilização. Gostaria de dizer que ela não é anencéfala, mas o diagnóstico é esse e não tem mudança. O melhor que pudermos fazer, eu e a Cacilda, para que ela fique viva, sem sofrimento, é o que sempre faremos”, finaliza.
Artigo: Um Ano de Amor, Fé e Esperança
Por: Por: Cláudia Santos
Matéria Publicada no Site da Folha Espírita em Dezembro de 2007 - Ed. N. 400.
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