Não são apenas religiosos nessa busca. São filólogos, lingüistas, arqueólogos, paleógrafos e historiadores juntando peças milimétricas de um enorme quebra-cabeça.
A Judéia Antes e Depois de Cristo
Israel conquistou a independência no ano
Mais tarde, no ano
Herodes era um monarca detestado. Casou-se com uma princesa asmonéia mas a permanente paranóia de uma restauração real judaica induziu-o a assassiná-la. Além dela, Herodes matou também quatro filhos, a sogra e o cunhado. Também insultou a religiosidade dos judeus construindo templos pagãos e um hipódromo para lutas de gladidores
Jesus nasceu sob o governo de Herodes (Veja na página 54), ano em que houve 2 000 crucificações na Judéia. Na época, os judeus estavam divididos em quatro seitas. Os saduceus, fortemente influenciados pela cultura helenista, cujos sacerdotes dominavam o Templo, eram a elite. Os fariseus eram populistas: propunham o judaísmo orientado pelos rabinos do povo. Os austeros essênios, renunciantes e eremitas, preferiam o isolamento. Por fim, os radicais zelotes, pregavam a violência e a revolta contra Roma.
Com Cristo, surgiria mais uma seita, a dos nazarenos.
O Fim do Mundo
Havia um grande anseio apocalíptico, na Judéia, no século I. Esperava-se ardentemente a vinda do Messias, aquele destinado a libertar Israel dos romanos. Com o Messias, viria o fim do mundo, o reinado de Deus na Terra e uma nova era para o povo escolhido. Profetas maltrapilhos anunciando o fim dos tempos e pregando a salvação era o que não faltava. As seitas se confrontavam no Templo e, fora dele, os zelotes organizavam atentados contra os romanos, brigavam entre si e com as outras seitas, e planejavam a revolta liderada pelo Rei Messias.
O plano dos zelotes demoraria a se consumar. No ano 6, os romanos assumiram o governo direto da província através de prefeitos como Pôncio Pilatos (26 a 36) – que mandou crucificar Cristo no ano 30. Em 37, houve uma nova provocação: o imperador Calígula mandou levantar sua estátua no Templo (que não chegou a ser concluída). Só em 64, os zelotes deflagaram a rebelião. O general Vespasiano veio da Bretanha e acabou com o levante. Na véspera do ataque a Jerusalém, voltou para Roma para assumir o trono e passou a tarefa ao filho, Tito. Em 28 de agosto de 70, a cidade foi arrasada, o Templo, destruído e milhares de judeus, escravizados.
Mesmo assim, a agitação religiosa não parou. Em 73, 960 judeus suicidaram-se na fortaleza de Massada para não caírem prisioneiros dos romanos. Em 114, as comunidades judias de Chipre, Alexandria e Cirene revoltaram-se e foram destruídas. Em 132, um novo auto-proclamado messias, Shimon Bar Kosib, que mudou o nome para Bar Kochva, Filho da Estrela, liderou outra revolta, de três anos. Os romanos mandaram o general Júlio Severo, arrasaram 1 000 povoados e mataram centenas de milhares. Em 135, o imperador Adriano mandou passar o rastelo em Jerusalém.
O desastre da segunda revolta acabou com a influência dos zelotes e consagrou a autoridade dos rabinos fariseus. Em 138, com o abrandamento da dominação pelo imperador Antonio Pio, o judaísmo rabínico expandiu-se.
Mas, a essa altura, a popularidade do cristianismo era muito maior.
A Paixão sem Paixão
Cristo só nasceu no dia 25 de dezembro por obra do papa João I, que decretou a data do Natal no ano de 525. Mudava ali o calendário cristão. O monge Dionisio Exiguus, incumbido de determinar o ano zero, errou nos cálculos. Segundo Lucas e Mateus, Jesus nasceu “perto do fim do reino de Herodes”. Problema: Herodes morreu em 4 a .C. Hoje, a tese mais aceita é a de que Jesus tenha nascido no ano 7 a .C., um pouco antes da morte de Herodes. Isso mesmo: Cristo nasceu antes de Cristo.
O outro senão é o local. Em Mateus e em Lucas, é a gruta de Belém. Para Mateus, a família de José foge, depois, para o Egito, escapando ao massacre das crianças promovido por Herodes, e vai para Nazaré. Para Lucas, a anunciação do nascimento, pelo anjo à Virgem, é feita em Nazaré e, de lá, a família vai para Belém, obrigada pelo “censo ordenado pelo imperador César Augusto quando Quirino era governador da Síria”.
Entretanto, os registros romanos mostram que Quirino governou a Síria no ano 6 d.C. Os censos tampouco exigiam deslocamento para o local de origem familiar (José era de Belém), já que seu propósito era cobrar impostos. “É um pouco triste ter de dizer isso, porque o nascimento na gruta é uma história cativante, mas a viagem de ida e volta a Nazaré para o censo é pura ficção, criação da imaginação de Lucas”, escreveu o padre John Dominic Crossan, professor de Estudos Bílblicos na Universidade de DePaul, de Chicago, em seu livro O Jesus Histórico.
Belém aparece como a terra natal porque era a cidade do rei Davi. “Conforme as profecias das Escrituras Hebraicas, o messias deveria nascer em Belém”. Hoje é consenso: Jesus nasceu em Nazaré.
REVISTA SUPER INTERESSANTE
Artigo.: QUEM FOI JESUS CRISTO? / Procura-se Jesus Cristo
Edição 103 – Abril 1996
Nota: Imagem de Jesus Cristo não consta na Edição 103 desta Revista, só ilustrativa desse BLOG.
Se deseja compartilhar e divulgar estas informações, reproduza a integralidade do texto e cite o autor e a fonte. Obrigada, Hospital Espiritual do Mundo.
Adoro história, e esse texto é legal.
ResponderExcluirBeijo, principalmente na sua mãezinha.
Muito bom !!!
ResponderExcluirAdorei, muito bonito e instrutivo.
beijos