quarta-feira, 11 de maio de 2011

Cientificação do Amor

Por: Cristiane Ribeiro Assis

Quando Teilhard de Chardin previu, há quase 60 anos, que os humanos iriam aprender a utilizar as energias do amor e que essa prática seria tão fundamental na história da humanidade quanto a descoberta do fogo, ele foi extremamente criticado e taxado como utópico. Contudo, nas últimas décadas do século XX, a natureza do amor, e como a capacidade para amar se desenvolve, tornou-se assunto para estudos científicos. No entanto, esses trabalhos ainda estão longe dos domínios da ciência popular, e muitos cientistas, incluindo os da área médica, não têm nem consciência dessa nova área de conhecimento.

Em seu livro A Cientificação do Amor, o Obstetra francês Michel Odent traz, de forma simples e acessível, informações científicas não só a respeito da fisiologia de tão nobre sentimento, mas sobre o quanto ele é fundamental na estruturação do indivíduo desde a mais tenra idade, destacando o período intra-uterino e o parto. E, para designar um fenômeno tão novo quanto a análise do amor sobre um paradigma científico, o autor do livro propõe a utilização do neologismo “cientificação”, na tentativa de uniformizar o vocabulário.

Ele defende que a principal razão para a falta de conhecimento sobre as pesquisas científicas que demonstram a importância do amor em nossas vidas se deve ao fato de que a produção científica se tornou incrivelmente especializada. Os novos dados científicos sobre o amor e todas as suas manifestações estão emergindo de múltiplas disciplinas, e os especialistas, que detectaram detalhes pequenos, mas vitais, no quebra-cabeça dessa nova área de pesquisa, desconhecem ou são incapazes de perceber como suas descobertas se conectam com outras pesquisas.

Por essa razão, fundou o Primal Health Research Centre (Centro de Pesquisas em Saúde Primal), em Londres, cujo objetivo é estudar as correlações entre o que acontece durante o que ele chama de “período primal” (que vai desde a concepção até o primeiro aniversário do bebê) e a saúde do indivíduo. Esse centro de pesquisas possui um banco de dados com centenas de referências de estudos publicados em periódicos médicos e científicos oficiais, nas mais diversas áreas de atuação em saúde. Qualquer um pode ter acesso a essas informações pela internet no endereço www.birthworks.org/primalhealth.

A partir de um exame minucioso nesse banco de dados, Odent percebeu que quando os pesquisadores exploraram os antecedentes de pessoas que demonstravam algum tipo de dano na capacidade de amar – tanto amor por si mesmo quanto amor pelos outros –, sempre detectaram fatores de risco no período que cerca o parto.

Compreendendo a importância desse momento e buscando entender as razões que levavam a perturbações tão graves associadas ao parto, o médico procurou se informar melhor sobre a fisiologia desse evento. Para isso, inicialmente estudou os mecanismos físicos e hormonais envolvidos no parto de outros animais, entre eles, mamíferos como ratos, macacos e carneiros.

Entre os trabalhos observados, avaliou os relatos de Konrad Lorenz, que contam sobre o dia em que ele se colocou entre uma ninhada recém-nascida de patinhos e sua mãe e imitou o seu grasnar. Esses patinhos ficaram vinculados a Lorenz pelo resto de suas vidas, seguindo-o por onde ele andava. Assim, foi introduzido o conceito de um período curto, mas crucial, no estabelecimento do vínculo entre a mãe e seu bebê, imediatamente após o nascimento, que nunca se repetirá.

Já Bridges, em 1977, observou que se uma mãe rata for perturbada quando está dando à luz, não só o parto ficará mais demorado, como também ocorrerão efeitos a longo prazo no filhote, através de alterações no relacionamento mãe–filhote. Outro pesquisador, Blauvelt, demonstrou que se um bebê cabra é separado de sua mãe por apenas algumas horas, antes de a mãe ter a chance de lambê-lo, e depois o filhote é devolvido a ela, a mãe “parece não ter recursos comportamentais para fazer mais nada pelo recém-nascido”. Foi também entre as ovelhas que Krehbiel e Poindron verificaram que quando elas deram à luz com anestesia peridural, não cuidaram dos seus cordeiros.

O Pesquisador Harlow, criador de macacos para seus estudos, na tentativa de reduzir a taxa de mortalidade dos filhotes, separava os recém-nascidos de suas mães para amamentá-los com mamadeira. Observou, contudo, que a mortalidade apenas aumentou.

Com base nessas e em outras informações obtidas, o Dr. Michel Odent defende que, apesar de apresentarem um cérebro extremamente desenvolvido em sua região neocortical, responsável pelo raciocínio e a consciência, em momentos intensos como o parto, os seres humanos devem se lembrar que também são mamíferos. Durante o trabalho de parto, é o cérebro primitivo que está no comando, e qualquer ativação do neocórtex pode atrapalhar ou inibir sua boa evolução.

No próximo número, continuaremos falando sobre as descobertas e observações do obstetra francês Michel Odent sobre o parto e a importância desse momento na vida das crianças.


Nota: O Livro Parto no Espírito por Daub Cathy explora o espírito que os valores da verdade, ação correta, paz, amor e não violência, mostrando como a sua prática pode mudar completamente a maneira pela qual as mulheres estão dando à luz hoje. Ler sobre o espírito não pode deixar de ajudar os leitores a sentir os seus efeitos de transformação, a emancipação das mulheres a ter menos medo de nascimento. O livro também levanta questões sobre as intervenções no nascimento que alteram as vezes os bebês nascem, e qual o significado que poderia ter em termos de seu destino.

Artigo: Cientificação do Amor
Por: Cristiane Ribeiro Assis
Fonte: Matéria Publicada na Folha Espírita em Janeiro de 2008 - Edição Número 401.
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Um comentário:

  1. Passei por aqui pra lhe desejar um bom dia! Que o Senhor faça este dia muito especial, derramando bençãos de amor, paz e muitas alegrias.
    Fique na paz de Jesus.

    Um grande abraço

    Julimar

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