quinta-feira, 21 de julho de 2011

A Indústria de Filhotes


Telefone, Internet ou porta-malas de um carro. Seja qual for o meio, é certo que todos os dias centenas de vidas serão vendidas em uma cidade como São Paulo, num exemplo do que acontece com o resto do país. Com cinqüenta reais é possível comprar um cão ou gato em pet shops ou feirinha de rua. É uma verdadeira indústria que despeja filhotes no mercado, sem garantia de saúde, na maioria das vezes portando alguma doença infecto-contagiosa. O destino desses animais? Incerto, mas pode-se dizer que são sérios candidatos a uma vida de privações ou ao abandono.

Enquanto algumas pessoas usufruem do lucro fácill e sem escrúpulos, cresce nas cidades o número de animais em situação de abandono, com ou sem raça definida. Por impulso ou falta de informação, muita gente compra um filhote, apenas porque viu uma carinha fofa na vitrine. Alguns sequer têm tempo para dedicar ao animal, outros simplesmente não estão preparados para os gastos ao cuidar dele. Mas aí a coisa já está feita, e a solução é “dar para alguém”, ou pior, o abandono. Em São Paulo são cerca de 20 mil cães e gatos recolhidos anualmente pelo Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), dos quais poucomais de 1.000 conseguem um novo lar.

Em épocas como a do Natal, muita gente pensa em presentear com um bichinho de estimação. Foi o caso de André Della Serra, que decidiu dar um poodle-toy para sua mãe este ano, depois de tanto sofrimento com a morte de Snow, com quem a família conviveu por 17 anos. “Minha mãe ficou muito triste com a falta dele, resolvi presenteá-la com essa cadelinha e aí... começou meu pesadelo”.
Dos mambembes aos grandes pet shops: há perigo em todo lugar.

André foi mais uma vítima de comerciantes que vendem animais apenas visando o lucro. Ele descobriu o canil por meio de um anúncio na internet, ligou e conversou com o dono, que passou a ficha do filhote por e-mail: teria 55 dias de vida, já se alimentava de ração seca, estaria vacinado e vermifugado. Segundo o comerciante, visitas semanais de um médico veterinário responsável era mais uma garantia de saúde dos animais. Não foi o que os laudos médicos constataram.

Depois de pagar os 400 reais em dois cheques, André foi buscar Julie, que veio acompanhada de uma carteira de vacinação (sem a assinatura de um veterinário responsável), com recomendações sobre alimentação e cuidados básicos “escritas em uma folha de caderno”. Depois de quatro dias, Julie apresentou vômitos e diarréia e foi levada a uma veterinária, que constatou que o animal tinha pouco mais de 1 mês, necrose no rabo (uma das vértebras se soltou na mão da profissional) e poderia nem ter sido vacinada. A suspeita era de virose, mas a cachorrinha foi levada para outra veterinária que sugeriu a internação em UTI, onde realizou vários exames. Julie morreu em 17 de dezembro, 9 dias depois da compra, devido a parvovirose e cinomose. O laudo final da necropsia apontou que a cadelinha morreu por maus tratos e negligência do canil, por ter sido desmamada antes do tempo prescrito. Além disso, não tinha a idade alegada pelo comerciante, não foi vacinada e teve seu rabo cortado de maneira absolutamente errada.

André, que gastou 1500 reais para tentar salvar Julie, nomeou advogado para cuidar do caso e pretende processar o dono do canil onde comprou a cachorra. “Sem nenhuma responsabilidade, as empresas que se intitulam ‘canis’ fazem barbaridades com os animais só pelo dinheiro”, afirma. “Espero que esse processo sirva de alerta para que as pessoas sejam mais criteriosas na escolha de seus animais de estimação”. 



No caso de grandes lojas, que vendem animais com a documentação em ordem, carteira de saúde assinada por médico veterinário e garantias que os filhotes estão em perfeitas condições, a decepção é ainda maior, já que tudo parece funcionar bem. Alessandra Schmitt, gerente de marketing, comprou seu filhote da raça maltês em novembro deste ano num pet shop localizado dentro de um shopping center. “Os donos me pareceram idôneos, não imaginei que pudessem ser meros vendedores preocupados unicamente com o dinheiro”, afirma. Luke morreu em pouco mais de uma semana, devido a “tosse dos canis”, doença que ataca o aparelho respiratório. “Pelo estágio em que estava, o veterinário que cuidou do Luke garantiu que ele já veio do canil com a doença”, observa Alessandra. 

Alessandra, que no ato da compra não se preocupou em conhecer os pais da ninhada e fez apenas uma tentativa para saber a procedência dos animais, insistiu em comprar o filhote assim mesmo. Os proprietários não a deixaram visitar as instalações do canil. “Eles diziam que os sapatos e a roupa do corpo dos visitantes poderiam levar doenças para os filhotes das mais diversas raças”, afirma. “Na hora isso não fez diferença, não sabia dos riscos, mas hoje me arrependo”. Quando ouvir uma resposta desse tipo, a primeira coisa que o futuro comprador deve fazer é desconfiar. 

A Vista Grossa da Prefeitura
Quem costuma andar pelas imediações do Ibirapuera já deve ter visto um ônibus que faz exatamente aquilo que a prefeitura e as Ongs de proteção animal lutam para erradicar. Trata-se de um veículo adaptado, que fica estacionado nos fins de semana em frente ao portão 7, na Av. República do Líbano, das 9h às 18 horas. Na lateral, a inscrição: “Exposição e venda de filhotes com pedigree internacional”. As fotos e as cores são chamativas, a promessa do pedigree ilude, e decerto atraem crianças e adultos deslumbrados com a idéia de adquirir um cãozinho.


No interior do ônibus, filhotes de diversas raças, em baias e canis improvisados, encantam as crianças como se fossem brinquedos de luxo. O comerciante ambulante de filhotes sai da região de Cotia – a 33 km da capital paulista – para vender animais numa região com alta taxa de abandono de cães e gatos. A sensação é de que as ongs de proteção animal tiram água de canequinha de uma canoa com muitos furos.

O caso ilustra uma realidade que acontece em cada canto do país. Meire ganha a vida vendendo cachorro e gato à beira de uma barulhenta avenida em Pirituba, bairro da zona oeste de São Paulo. Os animais ficam “em exposição” durante todo o dia, de quinta a domingo, faça chuva ou faça sol, em gaiolas improvisadas embaixo de uma árvore e sem nenhuma cobertura.

O local é sujo, os filhotes de várias raças e aparência mal cuidada ficam misturados, grandes e pequenos, cães e gatos, cerca de 7 por gaiola. “Filhotes com pedigree a preços acessíveis”, diz a placa escrita à mão. Um filhote de pitbull é vendido a 50 reais. “O pedigree a gente entrega por correio quando chegar”, diz a vendedora. Quando perguntada sobre a procedência dos animais, é categórica: “A gente tem um canil em casa, mas moramos longe daqui, não tem como visitar”. E por que vem vender aqui? “Porque aqui tem mais saída”, afirma. Além disso, garante que os animais, aos 45 dias, já têm todas as vacinas e vermífugos, mas as carteirinhas de vacinação não trazem a assinatura do veterinário responsável. Meire vende filhotes no local há 6 anos, sem licença, e nunca foi impedida pela prefeitura.

É difícil de acreditar que a prefeitura não tome atitude em relação ao comércio indiscriminado de animais em pet shops e ambulantes. Anualmente, milhões de reais são investidos em mega-campanhas de vacinação nas ruas, resgate, abrigo, alimentação e até mesmo castração e doação de animais. Todo esse esforço é inútil, quando se permite que “criadores” de fundo-de-quintal despejem animais sem critério, sem veterinários responsáveis, muitas vezes procriando pais e filhos com doenças genéticas e colocando em risco a saúde pública. “É um absurdo a proteção animal gastar o que não tem para resgatar, tratar, castrar e encontrar um lar para um animal de rua, enquanto a criação e o comércio seguem impunes, sem fiscalização e com enorme sofrimento para os animais”, desabafa Marco Ciampi, presidente da ARCA Brasil.


Hospital Espiritual do Mundo agradece os irmãos do SITE ARCA BRASIL pelo Artigo que engrandeceu este espaço de Aprendizagem e encontros Sagrados. 
Se deseja compartilhar e divulgar estas informações, reproduza a integralidade do texto e cite o autor e a fonte. Obrigada. Hospital Espiritual do Mundo.

NOTA.: As imagens usadas neste site foi tirada da net sem autoria das mesmas. Caso alguém conheça o autor da imagen, agradeceremos se nos for comunicado, para que possamos conferir os devidos créditos. Grata, Esperança.

9 comentários:

  1. Olá,
    Ficou ótima esta postagem
    É vergonhoso o que fazem com estes bichinhos indefesos
    Tenha uma boa e abençoada tarde
    Lambeijos e Ronrons de
    Pepi e Xixo

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  2. Amado(a) irmão (a)Anônimo,

    Agradecemos sua visita.
    Isso se chama Brasil!!! É quem pode mudar isso?
    Nós mesmos.

    Abraços de luz

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  3. Amado amiguinho Pepi,

    É vergonhoso, desumano e monstruoso. O comércio segue impune fazendo suas vítimas todos os dias. Temos que acordar para isso. Temos que divulgar, exigir fiscalização e principalmente deixar de comprar. É terrível saber que animais indefesos estão morrendo todos os dias. Temos que estar conscientes do que acontece e divulgar essa barbaridade. Esse é nosso país.

    Abraços de luz

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  4. Esperança, coloque sua sigla nos meus seguidores,
    por favor, assim eu a perco e não queria perder seu contacto. A encontrei agora por um acaso.
    Faça esse favor - Não me desapareça!

    Saudades,

    Mª. Luísa

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  5. Impossível ler até ao fim semelhante perfidia.
    Não posso!

    Mª. luísa

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  6. Amada irmã Maria Luisa Adães,

    É vergonhoso não é mesmo?!!!


    abraços de luz

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  7. Excelente artigo, comercio de animais há também de seres humanos. Eu amo os animais demais. Acabei de ganhar um filhote lindo meu bebezinho maravilhoso tenho tanto carinho e amor que cabe no tamanho exato da minha alma que é a vida.

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  8. Amado Irmão do Universo Paralelo em Verso,

    Que linda suas palavras meu irmãozinho!!! O Hospital Espiritual entrou em festa em saber que chegou mais um membro em sua família. Qual será o nome do anjinho? Sei que cuidará dele com o maior amor do mundo, os animais são anjos enviados do céu na vida gente.

    Um abraço de luz

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