Considerando-se a falta de estrutura dos valores
éticos na sociedade hodierna, determinados comportamentos que deveriam ser
considerados como exóticos, quando não perturbadores e censuráveis, assumem
respeitabilidade e passam a constituir-se modelos a serem seguidos pelas
personalidades dúbias. O alcoolismo é um desses fenômenos comportamentais que,
desde priscas eras, vem atormentando o ser humano. A criança e o jovem
ambientados ao clima vigente, por imitação ou estimulação de outra natureza
qualquer, aderem às libações alcoólicas, procurando ser semelhantes aos outros,
estar no contexto geral, demonstrar aquisição de identidade e de liberdade
pessoal… Os danos que decorrem desse hábito infeliz são incalculáveis para o
indivíduo e para a sociedade, assim como os prejuízos de vária ordem, inclusive
econômicos, para as organizações governamentais de saúde. A intoxicação
apresenta-se sob dois aspectos: aguda, ou embriaguez e crônica. Não existe uma
linha demarcatória entre ambas, podendo estar combinadas, o que ocorre na
maioria das vezes. A embriaguez é de duração breve no seu aspecto clínico. No
entanto, pode evoluir, passando por três fases: excitação, depressão e coma. Na
primeira, surge a euforia, como mecanismo de libertação de conflitos emocionais
reprimidos durante a abstinência. É de duração breve, relativamente entre uma
hora e meia e duas horas.
É muito conhecida como vinho alegre. A depressão,
também chamada vinho triste, ocorre a seguir ou pode surgir de maneira
inesperada, de chofre. O paciente entrega-se ao desmazelo, ao abandono,
movimenta-se trôpego, trêmulo, numa espécie de ataxia física e mental. Oscila
entre a tristeza e a alegria, apresentando sudorese abundante, náuseas,
vômitos… Logo depois, advém um torpor, uma espécie de sono com estertores, que
se apresenta em forma do coma da embriaguez. Nessa fase, pode ocorrer a
desencarnação resultante de algum colapso cardíaco. Surgem também,
manifestações diferenciadas em forma sensorial, afetiva e motora, que se podem
fundir em uma situação lamentável. Os sentidos físicos ficam afetados, os
estados oníricos tornam-se tormentosos, as alucinações fazem-se frequentes.
Cada uma dessas formas de embriaguez tem a sua característica sempre degradante
para o paciente, que perde completamente o controle da razão, da emoção e do
organismo físico, no qual instalam-se problemas de alta gravidade. Também é
conhecida a embriaguez simples ou excitação ebriosa, na qual o paciente pode
apresentar-se de forma expansiva ou depressiva, de acordo com a sua
constituição emocional. Na situação, sem controle sobre as inibições,
desvela-se, e, em face da liberação, pode tornar-se vulgar, agressivo,
ultrajando as pessoas, agredindo os costumes, derivando para diversos tipos de
crimes contra o cidadão, o patrimônio… Lentamente o paciente começa a sofrer
perturbações intelectuais e de memória, embotamento dos sentimentos e distúrbio
de conduta. Além desses desequilíbrios, a face apresenta-se pálida e de expressão
cansada, a língua saburrosa, hepatomegalia, febre, facilidade para permitir-se
infecções, como gripe, erisipela, pneumonia. Quando irrompe o delirium tremens
o paciente encontra-se em fase adiantada de alcoolismo, com impossibilidade
imensa de retornar à sanidade, ao equilíbrio, em razão dos distúrbios profundos
nos sistemas nervoso central, neurovegetativo, simpático e parassimpático, além
das disfunções de outros órgãos que se encontram afetados pelo excesso de
álcool: fígado, rins, pâncreas, estômago, intestino, coração…
Noutras vezes o paciente á conduzido à demência
alcoólica, em decorrência do enfraquecimento generalizado de todas as funções
psíquicas, particularmente as intelectuais, ao tempo em que é atingido na
afetividade e na moralidade. Nessa fase, a morte é quase iminente, pois as
funções orgânicas exauridas, já não podem manter-se em ritmo de trabalho
equilibrado, cedendo lugar ao descontrole e à exaustão. Pode acontecer que, em
muitos pacientes crônicos, antes da ocorrência dos acidentes delirantes
subagudos, surjam estados neurastenisformes, caracterizados pela fadiga, por
dores esparsas, astenia muscular, perturbações digestivas, cefaleia… Por
extensão, o sono é assinalado por confusão mental e inquietação, produzindo
mal-estar e aumentando o cansaço pela falta do repouso que se faz necessário à
manutenção da maquinaria orgânica. A verdade insofismável, é que o alcoólico é
um paciente que apresenta grande dificuldade de aceitação terapêutica, por
estar escamoteando sempre os tormentos sob justificações, ora acusatórias como
de responsabilidade daqueles que lhes criam situações difíceis, ou como de
vítimas das circunstâncias, que dizem poder reverter, quando quiserem, que
nunca o conseguem.
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