Há
uma revolução em curso na medicina que mudará para sempre a forma de tratar o
paciente. Médicos e instituições hospitalares do mundo todo começam a incluir
nas suas rotinas de maneira sistemática e definitiva a prática de estimular nos
pacientes o fortalecimento da esperança, do otimismo, do bom humor e da
espiritualidade.
O
objetivo é simples: despertar ou fortificar nos indivíduos condições emocionais
positivas, já abalizadas pela ciência como recursos eficazes no combate a
doenças. Esses elementos funcionariam, na verdade, como remédios para a alma –
mas com repercussões benéficas para o corpo. No Brasil, a nova postura faz
parte do cotidiano de instituições do porte do Instituto do Coração (InCor), em
São Paulo, da Rede Sarah Kubitschek e do Instituto Nacional de Traumatologia e
Ortopedia (Into), no Rio de Janeiro, três referências nacionais na área de
reabilitação física. Nos Estados Unidos, o conceito integra a filosofia de
trabalho, entre outros centros, do Instituto Nacional do Câncer, um dos mais importantes
pólos de pesquisa sobre a enfermidade do planeta, e da renomada Clínica Mayo,
conhecida por estudos de grande repercussão e tratamentos de primeira linha.
A
adoção desta postura teve origem primeiro na constatação empírica de que
atitudes mais positivas traziam benefício aos pacientes. Isso começou a ser
observado principalmente em centros de tratamento de doenças graves como câncer
e males que exigem do indivíduo uma força monumental. No dia-a-dia, os médicos
percebiam que os doentes apoiados em algum tipo de fé e que mantinham a
esperança na recuperação de fato apresentavam melhores prognósticos. A partir
daí, pesquisadores ligados principalmente a essas instituições iniciaram
estudos sobre o tema.

A
partir de informações como essas, os cientistas resolveram identificar o que
levava a esse impacto. Chegaram basicamente a duas razões. Uma é de natureza
comportamental. Em geral, quem é otimista, tem esperança e cultiva alguma fé
costuma ter hábitos mais saudáveis. Além disso, essas pessoas seguem melhor o
tratamento. “Uma postura positiva leva a gestos positivos. Os pacientes se
cuidam mais, alimentam-se bem, fazem direito a fisioterapia, mesmo que ela seja
dolorosa”, explica a clínica geral carioca Cláudia Coutinho.
A
engenheira paulista viu praticamente desaparecer a esperança de retomar sua
vida normal quando estava no auge da depressão, há cinco anos. Tinha parado de
trabalhar e vivia sem ânimo. Com a medicação correta e o apoio dos amigos da
Associação Brasileira de Familiares, Amigos e Portadores de Transtornos
Afetivos reencontrou a força que precisava. “Retomei minha vida”, conta.
A
outra explicação tem fundamento biológico. Está provado que a manutenção de um
estado de espírito mais seguro e esperançoso desencadeia no organismo uma
cadeia de reações que só trazem o bem. “Se o paciente é otimista, encara um
problema de saúde como um desafio a ser vencido. Nesse caso, as alterações
ocorridas no corpo poderão ser usadas a seu favor”, explica o pesquisador
Ricardo Monezi, do Instituto de Medicina Comportamental da Universidade Federal
de São Paulo. O bom humor, por exemplo, é capaz de promover o aumento da
produção de hormônios que fortalecem o sistema de defesa, fundamental quando o
corpo precisa lutar contra inimigos. Além disso, o riso provoca relaxamento de
vários grupos musculares, melhora as funções cardíacas e respiratórias e
aumenta a oxigenação dos tecidos.
É
esse arcabouço de informações que permite hoje o uso, na prática, da
espiritualidade, do otimismo, da esperança e do bom humor como recursos
terapêuticos dentro da medicina. Nos Estados Unidos, por exemplo, pesquisadores
da Universidade do Alabama preparam-se para começar a aplicar um tratamento
batizado de “terapia da esperança”. O sistema consiste em ajudar os pacientes a
construir e a manter a esperança diante da doença. “O primeiro passo é
auxiliá-los a encontrar um objetivo importante que dê sentido a suas vidas.
Depois, aumentar a motivação para alcançá-lo e orientá-los sobre os caminhos a
serem seguidos”, explicou à ISTOÉ Jennifer Cheavens, da Universidade de Ohio e
participante do grupo que desenvolveu a novidade.
Eliane
Furtado, 49 anos
Desde
que recebeu o diagnóstico de câncer no intestino, no ano passado, a consultora
de marketing carioca decidiu que manter o bom humor seria sua grande arma. “Claro
que em alguns momentos eu fiquei triste. Mas resolvi que não me deixaria abater
e que continuaria a rir muito”, lembra ela, autora do livro Câncer: sentença ou
renovação?
Essa
construção é feita com base em técnicas usadas na terapia cognitivo-comportamental,
cujo objetivo é treinar o indivíduo a pensar e a agir de forma diferente para
conseguir lidar de modo mais eficiente diante de condições adversas. O
treinamento é feito com duas sessões semanais realizadas durante dois meses. A
terapia será usada em portadores de deficiências visuais e nas pessoas
responsáveis por seus cuidados. “Acreditamos que ela ajudará muito na redução
da depressão e de outros problemas associados à perda da visão. Os pacientes
ficarão mais motivados a lutar contra as dificuldades e a participar dos
trabalhos de reabilitação”, explicou à ISTOÉ Laura Dreer, professora do
departamento de oftalmologia da Universidade do Alabama, nos EUA.
No Brasil, a inclusão da ferramenta na prática médica está mudando a rotina dos hospitais. No Instituto de Ortopedia, no Rio de Janeiro, por exemplo, o trabalho médico é acompanhado pelo suporte psicológico, dedicado especialmente a fortalecer uma atitude mais positiva. O trabalho, claro, não é simples. Os pacientes costumam ser vítimas de traumas medulares ocorridos em situações como acidentes ou quedas. De uma hora para outra, têm a vida totalmente limitada. “Por isso, precisamos ajudá-los a enfrentar a nova situação. Eles têm de passar por uma reabilitação física e emocional”, explica a psicóloga Fátima Alves, responsável pelo grupo. E quem faz isso usando o otimismo e a esperança como armas sai ganhando. “Mostramos principalmente aos mais descrentes que a postura positiva no enfrentamento da doença é um remédio”, afirma Tito Rocha, coordenador da unidade hospitalar do instituto. Em breve, eles abrirão um grupo para incentivar o cultivo da espiritualidade pelos doentes.
Fé em famíliaMichelle Silvério, 26 anos
Na
Rede Sarah, os pacientes são estimulados a participar de atividades que melhorem
o humor e a disposição. Entre eles, estão o remo, a dança e os jogos.
“No processo de reabilitação, esses recursos são
fundamentais”, afirma Lúcia Willadino Braga, presidente da Rede Sarah e considerada
uma das melhores neurocientistas do País. “A doença deixa de ser o foco. Quando
isso acontece, a recuperação é acelerada. O paciente fica menos tempo internado
e retorna às suas atividades mais rapidamente”, afirma. Constatações
semelhantes são obtidas no InCor, em São Paulo. Lá, quem está internado recebe
suporte psicológico para não entrar em depressão – já considerada fator de
risco para doenças cardíacas– e manter o otimismo. “É preciso dar força para o
espírito para que o corpo se recupere”, afirma o cardiologista Carlos Pastore,
diretor de serviços médicos da instituição.
Jésus
Franco, 77 anos
A
família do aposentado mineiro é bem unida. Quando ele descobriu que estava com
uma infecção no intestino e teria de passar por uma cirurgia, recebeu o apoio
de todos e foi embalado por uma corrente de otimismo. “Todos diziam que eu
melhoraria. E torciam para isso”, diz ele, hoje em franca recuperação.
Talvez
o símbolo mais emblemático do fim do preconceito da medicina ocidental contra
questões relativas à emoções e espiritualidade seja o que está acontecendo na
Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), a mais tradicional do
País. A instituição sediou um evento para mostrar aos profissionais de saúde a
importância de recursos como a espiritualidade e o bom humor na recuperação de
pacientes. O curso foi ministrado pelo geriatra Franklin dos Santos, professor
de pós-graduação da disciplina de emergências médicas da universidade. No
programa, houve um bom espaço para ensinar os médicos e enfermeiros a usarem
essas ferramentas. “Discutimos como isso deve ser aplicado na prática”, diz o
médico, que tem dado palestras pelas escolas de medicina do País inteiro.
Nos
Estados Unidos, também há um esforço para treinar os profissionais de saúde. Só
para se ter uma idéia, o Instituto Nacional de Câncer americano criou uma
espécie de guia para orientar médicos, enfermeiros e psicólogos sobre como usar
a espiritualidade do paciente a seu favor. Todo esse interesse é o sinal mais
patente de que a revolução vai durar. Por isso, ninguém deve se surpreender se
quando chegar ao consultório médico for indagado sobre suas condições de saúde,
obviamente, mas também sobre sua relação com a espiritualidade ou disposição de
esperança.
“Questões
como essas devem começar a ser cada vez mais levantadas”, defende Brick
Johnstone, professor de psicologia médica da Universidade Missouri-Columbia,
nos EUA.
Fonte: revista Isto é - edição 2025
Adriana Prado /Greice Rodrigues e Cilene Pereira
IMAGEM.:
DO PROPRIO ARTIGO
O
HOSPITAL ESPIRITUAL DO MUNDO agradece os
irmãos DO incef-
instituto de cultura espírita de florianópolis, pelo artigo
que iluminou este espaço de aprendizagem e encontros Sagrados.
Se
deseja compartilhar e divulgar estas informações, reproduza a integralidade do
texto e cite o autor e a fonte. Obrigada.
Amig@s, Paz e Alegria ! Parabens pela postagem! compartilhamos em nosso blog!
ResponderExcluirAmados,
ExcluirVoces são sempre bem vindos!!!
Abraços de luz
É sempre um prazer poder visitar este espaço de paz e serenidade.
ResponderExcluirAmado irmão Adriano César,
ExcluirMuito obrigada pela visita e comentario que encheu de luz este Hospital Espiritual. Volte sempre que sentir vontade em seu coraçao. Será sempre bem vindo.
Abraços de luz