quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

A CAPA DE SANTO

Francisco Cândido Xavier

  

Desceu da Esfera Superior em que se demorava e nasceu entre as criaturas para ser carpinteiro.

Operário digno e leal, muita vez experimentou conflitos amargurosos, mas, fervoroso, apegava-se à proteção dos santos e terminou a primeira missão admiravelmente.

Tornou ao céu, jubiloso, e recebeu encargos de marinheiro.
Regressou à carne e trabalhou assíduo, em viagens inúmeras, espalhando benefícios em nome do Senhor.

Momentos houve em que a tempestade o defrontou ameaçador, mas o aprendiz, nas lides do mar, recorria aos Heróis Bem-Aventurados e entesourou forças para vencer.

Rematou o serviço de maneira louvável e voltou à Casa Celeste, de onde retornou ao mundo para ser copista.

Exercitaram-se, então, pacientemente, nos trabalhos de escrita, gravando luminosos ensinamentos dos sábios; e, quando a aflição ou o enigma lhe visitaram a alma, lembrava-se dos Benfeitores Consagrados e nunca permaneceu sem o alívio esperado.

Novamente restituído ao Domicílio do Alto, sempre louvado pela conduta irrepreensível, desceu aos círculos de luta comum para ser lavrador.

Serviu com inexprimível abnegação à gleba em que renascera e, se as dores lhe buscavam o coração ou o lar, suplicava os bons ofícios dos Advogados dos Pecadores e jamais ficou desamparado.

Depois de precioso descanso, ressurgiu no campo humano para exercitar-se no domínio das ciências e das artes.

Foi aluno de filosofia e encontrou numerosas tentações contra a fé espontânea que lhe sustentava a alma simples e estudiosa; todavia em todos os percalços do caminho, implorava a cooperação dos Grandes Instrutores da Perfeição, que haviam conquistado a láurea da santidade, nas mais diversas nações, e atravessaram ilesas, as provas difíceis.

Logo após, foi médico e surpreendeu padecimentos que nunca imaginara.

Afligiram-se milhares de vezes ante as agruras de muitos destinos lamentáveis; refugiou-se na paciência, pediu socorro dos Protetores da Humanidade e, com o patrocínio deles, venceu, mais uma vez.

Tamanha devoção adquiriu que não sabia mais trabalhar sem recurso imediato ao concurso dos Espíritos Glorificados na própria sublimação.

Para ela, semelhantes benfeitores seriam campeões da graça, privilegiados do Pai Supremo ou súdito favorecidos do Trono Eterno. E, por isso, prossegui trabalhando, agarrando-se-lhes à colaboração.

Foi alfaiate, escultor, poeta, músico, escritor, professor, administrador, condutor, legislador e sempre se retirou da Terra com distinção.

Vitorioso em tantos encargos foi chamado pelo Mestre, que lhe falou, conciso:

- Tens vencido em todas as provas que te confiei e, agora, podes escolher a própria tarefa.

O discípulo, embriagado de ventura, considerou sem detença:

- Senhor, tantas graças tenho recebido dos Benfeitores Divinos, que, doravante, desejaria ser um deles, junto da Humanidade...

- Pretenderias, porventura, ser um santo?- indagou o Celeste Instrutor, sorrindo.

- Sim... - confirmou o aprendiz extasiado.

O senhor, em tom grave, considerou:

- O fruto que alimenta deve estar suficientemente amadurecido... Até hoje, na forma de operário, de artista, de administrador e orientador, tens estado a meu serviço, junto dos homens, junto de mim.

Há muita diferença...

Mas, o interlocutor insistiu, humilde, e o mestre não lhe negou a concessão.

Renasceu, desse modo, muito esperançoso, e, aos vinte anos de corpo físico, recebeu do Alto o manto resplandecente da santidade.

Manifestaram-se nele dons sublimes.

Adivinhava, curava, esclarecia, consolava.

A inteligência, a intuição e a ternura nele eram diferentes e fascinantes.

E o povo, reconhecendo-lhe a condição, buscou-lhe, em massa, as bênçãos e diretrizes. Bons e maus, justos e injustos, ignorantes e instruídos, jovens e velhos, exigiram-lhe, sem consideração por suas necessidades naturais, a saúde, o tempo, a paz e a vida.

Na categoria de santo, não podia subtrair-se à luta, nem desesperar, e por mais que fosse rodeado de manjares e flores, por parte dos devotos e beneficiários reconhecidos, não podia comer, nem dormir, nem pensar, nem lavar-se. Devia dar, sem reclamação, as próprias forças, à maneira da vela, mantendo a chama por duas pontas.

Não valiam escusas, lágrimas, cansaço e serviço feito.

O povo exigia sempre.

Depois de dois anos de amargosa batalha espiritual, atormentado e desgostoso, dirigiu-se em preces ao Senhor e alegou que a capa de santo era por demais espinhosa e pesava excessivamente.

Reparando-lhe o pranto sincero, o Mestre ouviu-o, compadecido, e explicou:

- Olvidaste que, até agora, agiste no comando. Na posição de carpinteiro, modelavas a madeira; lavrador determinava o solo; médico, ordenavas aos enfermos; filósofo arregimentava idéias; músico.

Tangias o instrumento; escultor cinzelava a pedra; escritor dispunha sobre as letras; professor instruía os menos sábios que tu mesmo; administrador e legislador interferiam nos destinos alheios.

Sempre te emprestei autoridade e recurso para os trabalhos de determinação... Para envergares a capa de santo, porém, é necessário aprender a servir...

A fim de alcançares esse glorioso fim, serás, de ora em diante, modelado, brunido, aprimorado e educado pela vida.
E enquanto o Mestre sorria complacente e bondoso, o discípulo em pranto, mas reconfortado, esperava novas ordenações para ingressar no precioso curso de obediência.


Hospital Espiritual do Mundo agradece os irmãos do CENTRO ESPÍRITA CAMINHOS DE LUZ- PEDREIRA-SP-BRASIL pela mensagem que engrandeceu este espaço de aprendizagem e encontros Sagrados.

NOTA.: As imagens usadas neste site foram tiradas da net sem autoria das mesmas. Caso alguém conheça o autor das imagens, agradeceremos se nos for comunicado, para que possamos conferir os devidos créditos. Grata, Esperança.

5 comentários:

  1. minha querida amiga adorei este texto tão brilhante e educativo aos nossos espiritos as vezes tão rebelde,amiga admiro seu afeto lindo e puro por seu querido irmão que partiu para o mundo espiritual compreendo seu sofrimento e sua saudade
    mas eu a convido,ser feliz pelo que ele foi e deichou nas boas lembranças do tempo em que aqui esteve trabalhando e cumprindo sua misão especialem prol da caridade,dos fracos dos pobres dos humildes e nescessitados,foi um anjo
    de luz e paz que desceu a terra cumpriu sua misão e retornou a patria celestil,honrremos seu
    trabalho sua missão e partida com respeito com saudade mas na certeza que um dia haverá seu reencontro cheio de carinho na paz do cristo
    na esperança do amanhã iluminado por raios de sol celestial,um grande abraço amiga irmã querida,que deus conforte seu coração com discernimento e sabedoria um grande abraço com carinho marlene

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    1. Amada irmã Marlene,

      Doce Marlene,
      Como chorei ao ler seu comentário...
      Como é dificil viver sentindo que seu coração ficou sem uma parte, bate descompassado em ritmo acelerado. Esta tudo muito recente...
      Minha alma chora, olho para o infinito e busco respostas que não vem e nem sei se serei merecedora dessa graça algum dia. MEU AMADO IRMÃO FOI MORAR COM DEUS e me deixou. Levou consigo meu sorriso e a alegria verdadeira. Sinto uma força me segurando e sei que são os mentores de luz que ele tinha que ainda os têm. Sei que ele precisa prosseguir em seu caminho nas MORADAS DO PAI, mas esta muito dificil. Apesar de ser espiritualista e crer também sou metade humana vivendo esta experiência espiritual a qual luto todos os dias. Estou vivendo minha doce Marlene um dia de cada vez.
      Quero agradecer cada palavra que deixou registrada aqui e no meu pequeno coração.

      Abraços de luz

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  2. Minha querida que bom que deu sinal de vida, sabe meu bem a vida continua com muita magoa e muita dor mas tem de seguir em frente o tempo não espera por nós nós é que temos de correr junto de se não a nossa barca fica à deriva muito trabalho você ainda tem de fazer por si e também por ele porque de uma coisa pode ter a certeza ele sente o seu sofrimento e não gosta, quer vê-la triste.
    Beijinhos de luz paz e muito amor em seu coração

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    1. Minha irmã de alma Franciete,

      A dor ainda é grande... Tudo esta muito recente e todos meus familiares estamos em grande sofrimento. Minha amada mamãe chora muito... seu coração foi partido e não tem remédio para essa ferida. MEU AMADO IRMÃO E AMIGO PRECIOSO FOI MORAR NA CASA DE DEUS e me deixou. Levou consigo todas suas aquisições terrena, levou meu coração... Enquanto te escrevo, choro... Hoje foi um daqueles dias... Olho para sua fotografia e me perco no questionar sem fim. Não sei se algum dia o PAI ETERNO me dará a graça de alguma resposta, ou se sou merecedora, pois não sou melhor que ninguém independente dos dons as quais foram me emprestado. Sabe minha doce irmã de Terras distantes, estou aprendendo andar sem sorrir e isso é horrível. Se você tivesse conhecido MEU AMADO IRMÃO por um segundo que fosse, sua vida teria ganhado mais luz. Ele era meu SOL e estou tentando viver só com a Lua, você me entende? Sei que ele precisa prosseguir em seu caminho nas MORADAS DO PAI CELESTIAL. SEI TAMBÉM QUE A SAUDADE É UMA DOR QUE "FERE" NOS DOIS MUNDOS e apesar de ser espiritualista e crer em outras vidas, também sou metade humana vivendo esta experiência espiritual a qual luto todos os dias.
      Assim termino deixando para você meu amor e carinho e agradecer todo amor que tem me enviado.

      Abraços de muita luz

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  3. Amado irmão Aluísio Cavalcante Jr,

    Quero agradecer suas doces palavras que sempre tocam meu coração. A frase que escreveu: "Que o teu olhar seja a mais perfeita luz do Natal a enfeitar o mundo" foi belíssima como tudo que escreve. Você é um artista!!!!
    Infelizmente meu amado amigo, não passamos o Natal bem, meu AMADO E PRECIOSO IRMÃO foi morar na CASA DE DEUS em novembro, motivo este que minha alma chora e meu coração sangra. Ele era a luz do meu olhar. Dividi isto contigo pois gosto muito de ti e da forma que escreve.
    Que nosso abençoado MESTRE te ilumine ainda mais neste ano.

    Abraços de luz

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