Herculano Pires, saudoso estudioso da nossa doutrina, já
nos ensinava que a postura do espírita consciente deve ser tão ousada quanto
prudente. Nem nos maravilharmos com as luzes feéricas das novidades, nem
escondermos nossas cabeças tal qual avestruzes que se protegem do desconhecido
deixando-se ridiculamente descobertos.
Kardec, que nos ensinava ser preferível rejeitar
noventa e nove verdades do que aceitar uma só mentira, também nos dizia que, se
a ciência demonstrasse estar o espiritismo errado em um ponto, ele se
modificaria neste ponto.
Inúmeros
grupos, ou entidades espíritas começam a se interessar pela apometria, técnica
de trabalho anímico-mediúnica
na qual os médiuns, ou sensitivos, se desdobram conscientemente, participando
de maneira ativa no encaminhamento das entidades espirituais enfermas. A
apometria se apresenta como técnica moderna que une avançados métodos de
intercâmbio com o plano extrafísico. Sua utilização torna a sessão mediúnica de
desobsessão dinâmica, ao invés da passividade sonolenta tradicionalmente
observada em determinados grupos.
No
entanto, a dificuldade que vem se observando na utilização da apometria, não se
refere à técnica em si, mas à utilização equivocada, precipitada, radical, sem
embasamento filosófico e, o que é mais preocupante, pouco fraterna no trato com os
desencarnados.
Somos
inteiramente favoráveis a correta utilização do método apométrico, desde que, alicerçado nas
sólidas bases kardequianas, sem prejuízo do conteúdo ético-moral e,
sobretudo, do trato afetivo com as entidades desencarnadas. Nada há de
misterioso nas técnicas desenvolvidas pelo Dr. Lacerda, de Porto Alegre, e tão
bem divulgadas pelo Dr. Victor Ronaldo Costa, de Brasília, em proveitosos
seminários e cursos que didaticamente efetua. Vale aqui, uma especial
recomendação.
Frequentemente,
nos deparamos com certas polêmicas e queixas de velhos amigos, trabalhadores da
doutrina espírita. Uma delas se expressa assim:" Muitos entusiastas da apometria abandonaram a
casa espírita de origem e organizaram entidades próprias". Bem,
desde há 30 anos atrás, quando iniciei a estudar seriamente a doutrina espírita,
quase todos os centros espíritas recém-fundados surgiram de cisões em casas
anteriores. É preciso que admitamos : nós espíritas não somos (infelizmente)
melhores do que ninguém. A Doutrina Espírita, esta sim, é que é melhor.
Inúmeras casas surgiram por discordância de métodos de trabalho, o que, na
realidade, é lamentável. Não há problema importante com os métodos, mas com as
pessoas. Trata-se de nosso orgulho pessoal, vaidade, intolerância ( e outros
adjetivos menos honrosos) dos quais nós, trabalhadores da seara espírita, ainda
não conseguimos nos libertar totalmente, sejamos adeptos ou não, da apometria.
A
resistência em estudar e o imobilismo de determinados dirigentes acabam gerando
o afastamento de médiuns que interpretam, erroneamente, a postura do dirigente
como se fosse a postura do espiritismo.
:"Depois
que passou a se envolver com mediunidade necessitou de internação hospitalar em
casa de saúde mental..." todos nós sabemos que é o mal uso das faculdades
ou a ignorância acerca do espiritismo que levam a estes problemas.
A falta
de apoio recebido, bem como a deficiência no estudo por parte dos envolvidos,
aliada a embriaguez pela ofuscante novidade, tem levado muitos grupos espíritas
que utilizam a apometria à distorções que poderiam ser facilmente evitáveis.
Com todo respeito aos nossos"primos" umbandistas, que executam
trabalho sério e útil, faz-se necessário definir algumas fronteiras que devem
ser tão nítidas quanto fraternas. Não há porque criarmos grupos de umbanda
técnico-científica nas casas espíritas. Ao invés do clássico e necessário" DIÁLOGO COM AS
SOMBRAS" tão preconizado por Hermínio de Miranda, passamos a ouvir
o contínuo estalar de dedos seguido de verdadeiras expulsões dos espíritos
obsessores ou simplesmente sofredores. O diálogo construtivo e fraterno passou
a ser considerado peça de museu. Ao invés de amor e filosofia, muita sonoridade
e gesticulação espalhafatosa, sob o argumento de que som serve de veículo para
a energia. Então, bater palmas e gritar alto seriam tão úteis quanto mais
ruidosos forem... Naturalmente, o impacto energético seria cada vez mais
produtivo quanto mais escandalosa for a sessão... É necessário que acordemos
para que logo não estejamos admitindo outras atitudes materiais e periféricas
totalmente incompatíveis com nossa filosofia. O trabalho espiritual é, acima de tudo,
mental. Nem tanto ao mar, nem tanto à terra: equilíbrio...
Desde a
época pré-histórica que hábeis feiticeiros removem obsessores de forma rápida
utilizando métodos tão eficazes quanto grosseiros. Em pleno século XX assim
como não se concebe rejeitar preconceituosamente novos conhecimentos, da mesma
forma não se admite a paixão pelas formas dos frascos coloridos da
exteriorização sensorial em detrimento da essência filosófica.
Técnicas
apométricas que possibilitam a remoção rápida e objetiva dos"aparelhos
parasitas" instalados pelos obsessores no perispírito do obsediado,
devem ser assimiladas por todos nós, interessados no progresso de nossos
trabalhos.
No
entanto, um equívoco frequentemente observado em alguns grupos que utilizam a
apometria, é o esquecimento do apoio ao obsedido após a remoção dos aparelhos s
parasitas instalados. É indispensável o esclarecimento pelo estudo e a promoção
da reforma íntima da pretensa vítima qual não se modificando, logo atrairá
novos obsessores.
A
ausência de diálogo com espíritos enfermnos, em certos casos, apenas
determinará a mudança de endereço dos obsessores, bem como a admissão de novos
inquilinos na casa mental desocupada do obsediado.
Se está
na hora de modernizarmos as sonolentas sessões, onde chega-se a dormir
literalmente, imaginando ingenuamente estar se cedendo ectoplasma ou
trabalhando em desdobramento inconsciente o que eventualmente até ocorre),
também está na hora de não exagerarmos na postura inversa. Faz-se necessário
recolocarmos a filosofia espírita, o amor e a seriedade nos trabalhos
mediúnicos e não umbandizarmos a doutrina espírita nem brincarmos irresponsavelmente
com animadas técnicas.
Na
matemática do trabalho é preciso somar a nova técnica sem subtrair
conceitos filosóficos básicos evitando divisões desnecessárias para multiplicar
os resultados na tabuada do amor. ´
por.:
Dr. Ricardo Di Bernardi (É Médico Homeopata Geral, Pediatra, Presidente da
Associação Médico-Espírita de Santa Catarina, Articulista Espírita, Palestrante
e Autor de diversos livros. Natural de Florianópolis SC, o médico homeopata e
pediatra Ricardo Di Bernardo foi um dos fundadores do MEUC – Movimento Espírita
Universitário, do ICEF – Instituto de Cultura Espirita de Florianópolis e da
AME SC – Associação Médico-Espirita de Santa Catarina. Tem elaborado inúmeros
workshops, participando como palestrante em jornadas e congressos espiritas em
diversos países. Desenvolveu interessante pesquisa sobre fotos Kirlian com
estudo da movimentação da aura pelo passe magnético. Em 1993 lançou seu
primeiro livro “Gestação Sublime Intercâmbio” tendo alcançado expressivo
sucesso tanto no Brasil como na Europa. É autor também de “Dos Faraós à Física
Quântica”, “Reencarnação em Xeque”, “Navegando nos Mares da Imprensa”,
“Reencarnação – Amor e Sabedoria (Voo Livre)”, “Reencarnação e Evolução das
Espécies, “Flávia, Sonhos e Regressão” Seus estudos podem ser acompanhados pelo
Site: www.incefaovivo.com.br,
email: Ricardo.di.bernardo@terra.com.br)
O HOSPITAL ESPIRITUAL DO MUNDO agradece os irmãos do
SITE PORTAL DO
ESPÍRITO E O DR. RICARDO DEI BERNARDI pelo artigo que iluminou este
espaço de aprendizagem e encontros sagrados.
O HOSPITAL
ESPIRITUAL DO MUNDO, obteve do próprio
autor autorização para publicação de seus artigos.
NOTA.:
As imagens usadas neste site foram tiradas da net sem autoria das mesmas. Caso
alguém conheça o autor das imagens, agradeceremos se nos for comunicado, para
que possamos conferir os devidos créditos. Grata, Esperança.
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