Ó Alma! aprende primeiro a suprema lição que desce dos espaços sobre as frontes
apreensivas. O Sol está escondido no horizonte; seus alvores de púrpura tingem
ainda o céu; luz serena indica que, além, um astro se velou aos nossos olhos. A
noite estende acima de nossas cabeças seu zimbório constelado de estrelas.
Nosso pensamento se recolhe e procura o segredo das coisas. Voltemo-nos para o
Oriente. A Via-Láctea expande, qual imensa fita, suas miríades de estrelas, tão
aconchegadas, tão longínquas, que parecem formar uma contínua massa. Por toda
parte, à medida que a noite se torna mais densa, outras estrelas aparecem,
outros planetas se acendem qual se fossem lâmpadas suspensas no santuário
divino. Através das profundezas insondáveis, esses mundos permutam os seus
raios de prata; impressionam-nos a distância, e nos falam uma linguagem muda.
Entretanto, todos não têm a mesma linguagem, porque uns são moradas de paz e de
felicidade, e outros, mundos de luta, de expiação, de reparação pela dor. Uns
parecem dizer: Eu te conheci, Alma humana, Alma terrestre; eu te conheci e hei
de te tornar a ver! Eu te abriguei em meu seio outrora, e tu voltarás a mim. Eu
te espero, para, por tua vez, guiares os seres que se agitam em minha
superfície!
Espaços e mundos! que maravilhas nos reservais? Imensidades sidéreas,
profundezas sem limites, dais a impressão da majestade divina. Em vós, por toda
parte e sempre, está a harmonia, o esplendor, a beleza! Diante de vós, todos os
orgulhos caem, todas as vanglórias se desvanecem. Aqui, percorrendo suas
órbitas imensas, estão astros de fogo perto dos quais o nosso Sol não é mais
que simples facho. Cada um deles arrasta em seu séquito um imponente cortejo de
esferas que são outros tantos teatros da evolução. Ali, e assim na Terra, seres
sensíveis vivem, amam, choram. Suas provações e suas lutas comuns criam entre
si laços de afeto que crescerão pouco a pouco. E é assim que as Almas começam a
sentir os primeiros eflúvios desse amor que Deus quer dar a conhecer a todos.
Mais longe, no insondável abismo, movem-se mundos maravilhosos, habitados por
Almas puras, que conheceram o sofrimento, o sacrifício, e chegaram aos cimos da
perfeição; Almas que contemplam Deus em sua glória, e vão, sem jamais cansar,
de astro em astro, de sistema em sistema, levar os apelos divinos.
Há, sem dúvida, nessa ascensão, degraus que não podemos contar, tão numerosos
são; mas nossos guias nos ajudarão a subi-los, ensinando-nos a soletrar as letras
de ouro e de fogo, a divina linguagem da luz e do amor. Então o tempo não terá
mais medida para nós. As distâncias não mais existirão. Não pensaremos mais nos
caminhos obscuros, tortuosos, escarpados, que seguimos no passado, e
aspiraremos às alegrias serenas dos seres que nos tiverem precedido e que
traçam, por meio de jorros de luz, nossos caminhos sem fim. Os mundos em que
houvermos vivido terão passado; não serão mais que poeira e detritos; mas nós
guardaremos a deliciosa impressão das venturas colhidas em suas superfícies,
das efusões do coração que começaram a unir-nos a outras almas irmãs.
Conservaremos a muito cara e dolorosa lembrança dos males partilhados, e não
seremos mais separados daqueles que tivermos amado, porque os laços são entre
as Almas os mesmos que entre as estrelas. Através dos séculos e dos lugares
celestes, subiremos juntos para Deus, o grande foco de amor que atrai todas as
criaturas!
TÍTULO : O CÉU ESTRELADO
(Léon
Denis – O Grande Enigma)
NOTA.:
As imagens usadas neste site foram tiradas da net sem autoria das mesmas. Caso
alguém conheça o autor das imagens, agradeceremos se nos for comunicado, para
que possamos conferir os devidos créditos. Grata, Esperança.
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