sexta-feira, 7 de outubro de 2011

VIDA APÓS MORTE


  
Recordo-me como se fosse hoje, seu Euclides, pescador do norte da ilha, acocorado, com o seu cigarro de palha, a dizer-me: “Seu doutor, com todo respeito isso que a terra gira em “vorta do sol num podi sê.”

Na realidade ele sempre vira ao contrário. O sol nascendo ao leste e girando ao redor da terra, se pondo a oeste. Durante todos o seus 89 anos assim vira.

Jamais conceberia algo diferente do seu condicionamento psicológico de sua realidade aparente.

Seu mundo tinha outras dimensões de realidade. Só cabia a mim respeitá-lo até pelos seus cabelos branquinhos de octogenário. Era como um indivíduo que vivesse num universo de duas dimensões, comprimento e largura. Tal qual uma folha de papel, que não tem espaço para outra dimensão.

Recordo-me também que um professor de física ao ensinar dimensões fez um círculo, colocou um ponto no centro e perguntou: Como um ser no centro do círculo, traçado a compasso, poderia sair deste círculo sem tocar em nenhum dos pontos traçados? Como ninguém se atreveu a responder, disse-nos que saltando por cima usando a 3a dimensão conhecida: a altura.

Hoje, fala-se em outras dimensões no universo. Buracos negros, passagens de uma dimensão à outra, mudança de tempo, e etc. As pesquisas científicas que investigam novas dimensões trazem-nos surpresas a cada dia. Mas há quem se recuse a crer nelas. Como “seu” Euclides...

O Dr Raymond Mood Jr. pesquisou mais de 150 pacientes que passaram pela experiência de saída fora do corpo (ou “Out of body experience”), para a 4a dimensão. Pacientes que foram dados como mortos mas, por massagem cardíaca e outros processos voltaram a vida e narraram o que viram e sentiram.

Contam que se sentiram fora do corpo físico, isto é, enxergaram seu corpo na maca, olhando em cima. Sentiram que seu eu ou sua individualidade estava pairando no ar e observando seu corpo lá em baixo. Assistem, admirados, as tentativas de ressuscitação de um corpo que descobrem ser o seu próprio. Sentem-se movendo por uma espécie de túnel ou passagem e escutam sons que não conseguem definir.

Observam cores estranhas no novo meio que os cerca. Ouvem, incrédulos, seus médicos declará-los mortos. Contemplam, pasmos, seu novo corpo mais leve e sutil: o corpo espiritual. Sentem-se emocionalmente perturbados e dizem (ao voltar) que estiveram em algo ou algum lugar como se fosse uma 4a dimensão. Alucinação? Efeito de drogas? Anóxia cerebral? Ação de anestésicos?

Descrevem, ainda, ver sorrindo a sua volta, em gestos amigos, ex-parentes e companheiros que já haviam morrido!

Súbito, percebem estar inundados de sentimentos de alegria e paz.

Mentalmente recapitulam, por um processo que não conseguem definir, toda a sua vida em seus pontos capitais. Vêem, como a desfilar em um filme tridimensional, imagens de sua infância, juventude e idade madura. O processo é interrompido bruscamente e o indivíduo se vê de volta ao seu corpo.

“Eu estava lá em cima no teto, vendo-os trabalhar em mim. Quando puseram os eletrodos no meu peito, e meu corpo sacudiu caí de volta nele. Como se fosse um peso morto. Dei por mim novamente em meu corpo...”

A principal hipótese a ser considerada ao examinarmos este relatos, é sem dúvida a inverdade. No entanto, crer que adultos maduros, emocionalmente estáveis que choram, emocionados ao contarem estes eventos ocorridos até há 30 anos, estejam mentindo todos juntos, contando exatamente a mesma mentira, é realmente uma proeza.

Assim, crer que um veterinário do sul dos Estados Unidos, uma simpática velhinha da fronteira canadense, um pipoqueiro da Califórnia, e assim por diante, até 150 pessoas de locais distantes tenham se reunido e conspirado durante 30 anos de pesquisa para contarem, em detalhes, a mesma mentira, não é admissível.

Admitir que o passado religioso das pessoas houvesse lhes influenciado na elaboração de suas histórias (mentira inconsciente), também é pouco provável. Nenhuma delas falou em céu ou inferno. O conteúdo das informações não difere entre os que informam não ter nenhuma crença em relação a daqueles que se dizem religiosos.

A explicação do fenômeno pela influência de drogas ou medicamentos, a princípio plausível, fica cada vez mais difícil de se aceitar. Em muitos casos, o fato de ver-se fora do corpo ocorreu em acidentes de trânsito sem administração de qualquer droga. Quando ocorrido em hospital, as drogas variam desde a aspirina, passando por adrenalina, até anestésicos locais e gasosos. Não há diferença nos relatos feitos por aqueles que sofreram medicação de vários tipos.

A hipótese de alucinação ou ilusão possui dois fatores que pesam contra.

Em primeiro lugar verificamos a grande semelhança de conteúdo que encontramos entre as descrições. Em segundo lugar as pessoas que passam pela experiência são gente normal, emocionalmente estáveis, alguns médicos e outros profissionais extremamente sérios e equilibrados.

Resta ainda a penúltima hipótese que é a anóxia cerebral, isto é, a deficiência de oxigênio que levaria a todos terem uma experiência comum. O que nos leva a descrer desta possibilidade, é o fato de que, em muitos casos, a saída fora do corpo os pacientes a tiveram antes do stress corporal ou fisiológico, que lhe causaria a anóxia.

Em alguns casos não houve qualquer injúria física que possa ter levado a uma deficiência de oxigênio cerebral. Além do mais, não foram encontrados, após a experiência, nenhum sinal de dano neurológico nestes pacientes, o que ocorreria em situações de anoxia cerebral.

Ficamos com a hipótese espírita. Cremos na vida após a morte. Dizemos até mais, não cremos na morte. Parece-nos mais plausível dizer que há vida, após a vida. Vida em outra dimensão da realidade. Contra estes estudos, antepõem-se dois preconceitos: o primeiro é o preconceito religioso, pois alguns religiosos mais conservadores ficam perturbados por quem quer que ouse pesquisar uma área supostamente tabu. Seria uma área “sagrada”.

Acham, alguns, que a questão da vida após a morte deve permanecer uma questão de fé cega, não posta em dúvida por ninguém. Não seria este um pensamento medieval?

O segundo preconceito é o preconceito científico, manifestado por alguns médicos pois classificam estes estudos como algo “não científico”. Penso que somos capazes não só de conquistar os espaços siderais mas também de descobrir a nossa própria natureza.

Esta postura de nossos colegas de ciência estimula minha criatividade, vou patentear um neologismo: postura avestruriforme. Lembra-nos a posição de uma grande ave que é ciente de suas dimensões avantajadas mas sua grandeza a impede de voar, o avestruz. Além de estar impedida de alçar vôo, pela excessiva grandeza, quando se vê ameaçada e não encontra saída, coloca sua cabeça em um buraco como se dissesse: “não quero nem olhar , o que vou ver não consigo aceitar”...

Prefiro conversar como “seu” Euclides...

Perfil Autor.: Dr. Ricardo Di Bernardi (É Médico Homeopata Geral, Pediatra, Presidente da Associação Médico-Espírita de Santa Catarina, Brasil, Articulista Espírita, Palestrante, Escritor e Autor de diversos Livros -"Gestação Sublime Intercâmbio", "Reencarnação e Evolução das Espécies", "Dos Faraós a Física Quântica", "Reencarnação em Xeque" e "Voo Livre – Um estudo sobre Reencarnação". 
E-mail: ricardo.di.bernardi@terra.com.br

Hospital Espiritual do Mundo agradece os irmãos do PORTAL DO ESPÍRITO e o DR. RICARDO DI BERNARDI pelo artigo que engrandeceu este espaço de aprendizagem e encontros Sagrados.

O HOSPITAL ESPIRITUAL DO MUNDO, obteve do próprio autor autorização para publicação de seus artigos.

Nota.: As imagens usadas neste site foram tiradas da net sem autoria das mesmas. Caso alguém conheça o autor das imagens, agradeceremos se nos for comunicado, para que possamos conferir os devidos créditos. Grata, Esperança.

6 comentários:

  1. Espectacular estas palavras e o modo de abordar este tema, sempre tão controverso. Eu não conhecia nenhum texto do Dr. Ricardo Di Bernardi, mas fiquei fã sem dúvida! Concordo na íntegra com tudo o que disse, eu acredito na vida depois da morte, ou melhor na continuação da vida depois da vida, só que de uma maneira diferente, acredito que quando se dá essa passagem o espírito passa a viver livre de um corpo físico e integra um todo. Eu tinha fobia da morte desde pequenina e para chegar à opinião que tenho hoje, estudei e li muito sobre a morte, porque para a entender tive de me ver livre de estereótipos e de tabus que realmente me condicionavam e amedrontavam. Fui internada entre outras coisas pela fobia extrema que eu tinha da morte. A ansiedade, pânico e muitos medicamentos levaram-me a eu me cansar de me esconder nos químicos que só me deixavam atordoada e disse basta, a partir desse dia faz muitos anos atrás tornei-me budista. Foi uma mudança radical, não na minha crença porque continuo a acreditar em Deus, mas na maneira como começei a encarar a vida. Este texto do Dr Ricardo Di Bernardi lembrou-me precisamente esse momento da minha vida há muitos anos quando eu decidi parar de enfiar a cabeça na areia como as avestruzes. Independentemente de ser budista e de aceitar Buda, o meu coração também ama e aceita Deus, não poderia ser de outra maneira. Obrigada por terem partilhado connosco este texto lindo.
    Muita Luz!
    Ana Maria

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  2. Querida amiga esperança adorei ler este maravilhoso texto interessantíssimo vou copiar e guardar pois estou sem empressora de momento mas quando encontro algo muito bom asim gosto de reservar para ler em momentos especiais e apropriados ,bjs querida bom final de semana marlene

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  3. Ou quem sabe uma vida nova depois desta...beijo Lisette.

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  4. Minha amada irmã Ana Maria,

    Os artigos do meu amigo e irmão fraterno Dr. Ricardo Di Bernardi é de tocar o coração, sou fã de carteirinha. Realmente é muito especial a forma que ele aborda diversos temas, sua inteligência e sensibilidade não é para qualquer um. Todos os dias aprendo um pouco mais com ele, tenho crescido principalmente espiritualmente, amo seus artigos. Fui abençoada por ele ter autorizado que seus artigos sejam postados neste Hospital Espiritual.
    Quero agradecer por você ter compartilhado sua história tão especial com este espaço, iluminando ainda mais este dia. Sou espiritualista e a filosofia Budista sempre me chamou atenção, além da cultura egípcia e indiana. Tenho muitos cds New Age e alguns deles são de músicas Budistas. Me parece que a filosofia de vida Budista é muita bela, não saberia explicar-lhe no momento quais os sentimentos que me atraem para o budismo, adoro os templos e gostaria até de me aprofundar a respeito, talvez essa atração esteja relacionada com a minha ancestralidade. Existem dois filmes que realmente sou apaixonada que é o ULTIMO SAMURAI e ENTRE O SOL É A TERRA (já assistiu estes filmes?). Adorei sua frase: “decidi parar de enfiar a cabeça na areia como as avestruzes”, fico muito feliz que tenha encontrado-se como pessoa e principalmente seu elo espiritual. Também sou muito feliz com minha vida espiritual, na realidade fui abençoada. Saiba minha doce irmã que independente de um nome adequado, seja BUDA, OXALÁ, DEUS, JEOVÁ e outros o Grande ARQUITETO DO UNIVERSO arderá em nossos corações e iluminará nossas vidas. Sendo assim, não precisaremos crer em um nome especifico, simplesmente sabemos dele NOSSO PAI ETERNO porque passamos a senti-lo dentro dos nossos corações sua verdadeira e eterna morada quando aprendemos a amar o próximo como amamos a nós mesmos.

    Um abraço fraterno de muita luz

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  5. Amada irmã Marlene,

    Como escrevi para minha fraterna irmã Ana Maria, os artigos do meu amigo e irmão fraterno Dr. Ricardo Di Bernardi é de tocar o coração, sua inteligência e sensibilidade não é para qualquer um, todos os dias aprendo um pouco mais com ele, principalmente espiritualmente. Fui abençoada por ele ter Autorizado que seus Artigos sejam postados neste Hospital Espiritual. Fiquei feliz que tenha gostado do artigo, que para mim é muito especial como todos que ele escreve.

    Abraços de muita luz e um final de semana cheio de paz

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  6. Amada irmã Lisette (ONG Alerta),

    Quem sabe.... minda doce irmã!!!

    Abraços de luz

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