O HIV é um retrovírus transmitido por via sexual,
transfusões sanguíneas, compartilhamento de seringas ou de mãe contaminada para
o feto, no parto ou amamentação. Ele se multiplica no organismo destruindo as
células de defesa, os glóbulos brancos, mais especificamente os linfócitos T
CD4. Quando esse exército natural do corpo humano está bastante diminuído,
estabelece-se a imunodeficiência, ou AIDS, que abre as portas para infecções
oportunistas que debilitam e causam sofrimento ao indivíduo nessa condição.
Atualmente, existem cerca de 40 milhões de portadores do vírus HIV em todo
mundo, concentrando-se a maioria na África subsaariana. Existem potentes
coquetéis anti-retrovirais que impedem a multiplicação viral, auxiliando a
evitar a AIDS, diminuindo doenças oportunistas e aumentando a longevidade e qualidade
de vida do portador do vírus.
Na visão espírita, o ser humano é entendido sob o
prisma da imortalidade da alma, como um ser eterno, filho de Deus, que marcha
rumo ao progresso e à felicidade exercendo a liberdade relativa dada por Deus
aos seus filhos. Nesse processo, passa pelas múltiplas vidas sucessivas, ou
reencarnação, guiado pelas leis de justiça e misericórdia, ambas derivações da
lei do amor, que regulam o equilíbrio da criação. Toda vez que o exercício da
liberdade humana fere a lei do amor, o ser entra em desequilíbrio consigo mesmo
e com o universo, e quando insiste em seu comportamento, confirmando tendências
e hábitos, e muitas vezes construindo vícios na alma, aciona mecanismos
automáticos e naturais de reequilíbrio e re-harmonização perante a lei divina,
que está inscrita na sua consciência. Guiado pelo amor, o ser evolui
construindo o seu percurso da maneira que lhe apraz, determinado ações que
geram reações, dentro da lei de progresso inexorável. Dessa forma, atrai para
si as circunstâncias a que faz juz e que necessita, com vistas ao crescimento,
bem como constrói circunstâncias que não seriam exatamente necessárias para seu
progresso, mas que expressam seu momento evolutivo e suas dificuldades morais.
O corpo humano, guardando sabedoria inata a serviço do
espírito imortal que o habita e conduz, obedece à consciência profunda
manifestando saúde ou doença conforme esteja o ser equilibrado ou
desequilibrado perante a lei do amor, seja consigo mesmo ou com o próximo.
Nessa visão, as doenças se manifestam como resultado do posicionamento do ser
no mundo, de acordo com seu pensar, falar e agir, posicionamento este
reafirmado ao longo do tempo, das vidas sucessivas, e muitas vezes cristalizado
em atitudes de desamor e desconsideração aos sentimentos superiores do amor,
respeito, consideração, etc. A doença se apresenta como um convite, um chamado da
alma, manifestando seu momento evolutivo, seus conflitos, seu estado mental e
emocional, bem como suas necessidades espirituais.
André Luiz nos orienta2 que as doenças
infecto-contagiosas se estabelecem sobre zonas de predisposição mórbida que
existam no psiquismo e no corpo espiritual, como conseqüência natural da
ressonância magnética e da necessidade de reequilíbrio do ser imortal. A
infecção pelo HIV é uma circunstância atraída pelo indivíduo para sua vida por
variados motivos, que devem sempre ser individualizados, mas que, em linha
gerais, podemos dizer que oportuniza o desenvolvimento do auto-amor, do
auto-cuidado, da individuação, o estabelecimento de limites e, sobretudo, a
reeducação sexual e afetiva profundas, quando este aproveita a condição para
seu despertamento espiritual.
O espírito Joseph Gleber, médico alemão do séc. XX,
nos informa4 que “Saúde é a real conexão criatura-criador, e a doença o
contrário momentâneo de tal fato”. Útil, portanto, questionar, diante da
infecção pelo HIV os por-quês e os para-quês da experiência, extraindo da dor o
amadurecimento imprescindível para extinguí-la com proveito. Para tal se faz
necessário uma postura permanente de auto-atenção e auto-conhecimento, bem como
esforço pelo domínio de si mesmo, dentro da perspectiva otimista e esperançosa
que o evangelho propõe. Nessa visão não cabem culpas, pensamentos ou ações
depressivas e auto-punitivas, e sim coragem e ânimo renovado para vencer-se a
cada dia, desenvolvendo o auto-amor que auxilie a despertar o amor ao próximo,
como medidas de cura efetiva da alma.
O espírito Franklim nos oferece5 um testemunho de sua
experiência de amadurecimento com o HIV, dizendo “No meu caso em particular, a
aids funcionou como o anjo da dor que me libertou das garras da viciação e do
desequilíbrio moral. Talvez alguns estranhem por eu falar dessa forma, mas após
a jornada triste e sombria que eu realizei, quando encarnado, nas loucuras do
desregramento, a doença realmente funcionou como um freio, proporcionando-me a
oportunidade de rever meus passos na vida moral, e, graças à ajuda dos amigos
espirituais, pude libertar a minha consciência do pesadelo do mal e do
desequilíbrio”
A casa espírita, enquanto local sagrado de acolhimento
e educação dos convidados de Jesus, deve ser o espaço de fraternidade e
instrução, que abra os passos para os portadores do vírus HIV e das demais
patologias, que desejem se entender sob a visão imortalista espírita, sem
críticas, preconceitos ou julgamentos. O trabalho espírita, centrado no amor ao
próximo orientado por Jesus, é o trabalho de compaixão e misericórdia,
ofertando àqueles que assim desejem campo abençoado de estudo e trabalho,
renovação e entendimento, para a conquista da saúde integral.
Finalmente, a casa espírita deve cumprir seu papel de
estimuladora e propiciadora das práticas no bem, nosso maior e melhor advogado
em todas as horas. Diz-nos Emmanuel que “quando a justiça nos procure para
acerto de contas, se nos encontra trabalhando em favor do próximo, manda a
misericórdia divina que ela retorne sobre seus passos sem data prevista de
retorno”. E complementa André Luiz2: “o bem constante gera o bem constante e,
mantida a nossa movimentação infatigável no bem, todo o mal por nós amontoado
se atenua, gradativamente, desaparecendo ao impacto das vibrações de auxilio,
nascidas, a nosso favor, em todos aqueles aos quais dirijamos a mensagem de
entendimento e amor puro, sem necessidade expressa de recorrermos ao concurso
da enfermidade para eliminar os resquícios de treva que, eventualmente, se nos
incorporem, ainda, ao fundo mental. Amparo aos outros cria amparo a nós
próprios, motivo porque os princípios de Jesus, desterrando de nós animalidade
e orgulho, vaidade e cobiça, crueldade e avareza, e exortando-nos à
simplicidade e à humildade, à fraternidade sem limites e ao perdão
incondicional, estabelecem, quando observados, a imunologia perfeita em nossa
vida interior, fortalecendo-nos o poder da mente na auto-defensiva contra todos
os elementos destruidores e degradantes que nos cercam e articulando-nos as
possibilidades imprescindíveis à evolução para Deus”.
FONTE.: ASSOCIAÇAO MÉDICO ESPÍRITA DE MINAS GERAIS
1. O Livro dos Espíritos – Allan Kardec q. 258 e 264
em especiais
2. Evolução em dois mundos – parte II, cap. XX –
André Luiz /Francisco cândido Xavier
3. Missionários da Luz – André Luiz /Francisco
cândido Xavier
4. O Homem Sadio – Espíritos diversos/Roberto Lúcio e
Alcione Albuquerque
5. Canção da Esperança – diário de um jovem que viveu
com AIDS – Ângelo Inácio/ Robson
Pinheiro
6. A Alma da Matéria – Marlene Nobre
NOTA.: As imagens usadas neste
site foram tiradas da net sem autoria das mesmas. Caso alguém conheça o autor das
imagens, agradeceremos se nos for comunicado, para que possamos conferir os
devidos créditos. Grata, Esperança.
Edificadoe e fraterno.
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