QUE INGENUIDADE...
Que ingenuidade, que pobreza de espírito, dizer que os
animais são máquinas privadas de conhecimento e sentimento, que procedem sempre
da mesma maneira, que nada aprendem, nada aperfeiçoam! Será porque falo que
julgas que tenho sentimento, memória, ideias? Pois bem, calo-me. Vês-me entrar
em casa aflito, procurar um papel com inquietude, abrir a escrivaninha, onde me
lembra tê-lo guardado, encontrá-lo, lê-lo com alegria. Percebes que
experimentei os sentimentos de aflição e prazer, que tenho memória e
conhecimento. Vê com os mesmos olhos esse cão que perdeu o amo e procura-o por
toda parte com ganidos dolorosos, entra em casa agitado, inquieto, desce e sobe
e vai de aposento em aposento e enfim encontra no gabinete o ente amado, a quem
manifesta sua alegria pela ternura dos ladridos, com saltos e carícias.
Bárbaros agarram esse cão, que tão prodigiosamente vence o homem em amizade,
pregam-no em cima de uma mesa e dissecam-no vivo para mostrarem-te suas veias
mesentéricas. Descobres nele todos os mesmos órgãos de sentimentos de que te
gabas. Responde-me maquinista, teria a natureza entrosado nesse animal todos os
órgãos do sentimento sem objetivo algum? Terá nervos para ser insensível? Não
inquines à natureza tão impertinente contradição. (VOLTAIRE)
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do texto e cite o autor e a fonte. Obrigada.
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conheça o autor das imagens, agradeceremos se nos for comunicado, para que
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