QUANDO ELE CHEGOU...
DIVALDO PEREIRA FRANCO
Aqueles eram dias tormentosos a estes semelhantes.
O monstro da guerra devorava as
nações, que se transformavam em amontoados de cadáveres e pasto de devastação,
enquanto a loucura do poder temporal escravizava as vidas nas malhas fortes da
sua dominação impiedosa.
O ser humano valia menos do que uma animália, como ocorre hoje quando o denominam como excluído, tombando na exaustão da miséria.
Os vencedores alucinados exultavam nos
cárceres internos que os enlouqueciam quando passeavam a sua hediondez nos
carros do triunfo aureolados de folhas de mirto ou de loureiro.
O medo aparvalhava os já infelizes
atirados ao deserto dos sentimentos indiferentes daqueles que os devoravam como
abutres.
A esperança vivia asfixiada no desprezo, sem oportunidade de expandir-se nos países submetidos.
Nada obstante, reinava um fio de expectativa em a noite de dores inenarráveis.
As agonias extremas abateram-se sobre Israel por longos séculos de horror e desespero.
Mas o fio de esperança era a expectativa da chegada do Messias, vingador e poderoso, como os algozes de então, anunciado pelos profetas antigos e descrito por Isaías, há quase setecentos anos...
Ele seria poderoso e arrancaria o jugo hediondo de sobre o seu povo, concedendo-lhe benesses e glórias.
Enquanto isso, predominava a opressão dos que tombaram sob as legiões voluptuosas do Império Romano desde a vitória de Pompeu e todos os males que dela advieram...
Um estrangeiro execrando, mais cruel
do que o romano, dominava o país ultrajado e vergado pela vergonha do asmoneu
insano, que beijava as mãos de César, adornava-as de ouro e púrpura arrancados
do suor e do sangue do povo que submetia.
Os impostos roubavam o alento e o parco pão dos desvalidos, enquanto o desconforto cantava em toda parte a litania da miséria e da servidão.
Aumentava a mole dos desventurados que
abarrotavam as cidades enquanto os campos ficavam ao abandono.
Tudo era escasso, especialmente o amor
que fugira envergonhado dos corações, enquanto a compaixão e a misericórdia
ocultaram-se dos espoliados e indigentes.
A ingênua alegria das massas fugira dos seus corações que passaram a homiziar o ressentimento e o crime, a degradação e as paixões vis, a serviço das intrigas intérminas e das lutas vergonhosas.
Os potentados, especialmente os fariseus, os saduceus e os cobradores de impostos, todos odiados também, detestavam-se uns aos outros, enquanto eram, por sua vez, desprezados...
A vil política de Jerusalém estendera-se por todo o território israelense e ninguém escapava à sua inclemente perseguição.
A própria Natureza, naqueles dias,
sofria inclemência dos dias quentes e das noites mornas, sem a suave brisa
cantante que carreava o perfume das rosas e das flores silvestres.
A fria Judeia era amada em razão do
seu fabuloso Templo, ornado de ouro e de gemas preciosas, mas também odiada
pela governança insensível que lhe aumentara o poder.
Os chacais que a administravam espoliavam a ignorância e as superstições do povo humilhado que ali buscava consolação.
Ele crescera no deserto e robustecera
o caráter na aridez e ardência da região sem vida e sem beleza.
Mergulhara o pensamento no abismo das reflexões, por anos a fio, buscando entender o objetivo primordial da existência, Deus e Sua justiça, diferente de tudo aquilo que havia ouvido dos sacerdotes indignos.
Mergulhara o pensamento no abismo das reflexões, por anos a fio, buscando entender o objetivo primordial da existência, Deus e Sua justiça, diferente de tudo aquilo que havia ouvido dos sacerdotes indignos.
As noites estreladas e frias
refrescaram-lhe a alma que ardia em febre de expectativas pela chegada do Rei
libertador de consciências e de sentimentos.
Ele sabia, sem saber como, que fora designado, mesmo antes do berço, de anunciar o Messias e, por essa razão, no momento próprio transferiu-se para o vau da Casa da Passagem, no rio Jordão, a fim de anunciá-lO.
A sua era uma voz tonitruante e o seu
um aspecto chocante, mesmo para os padrões daqueles dias especiais. Os seus
olhos brilhavam como lanternas acesas quando ele falava sobre o Ungido de Deus.
Afirmava que Ele já se encontrava entre todos e seguia desconhecido. Também asseverava que Ele viria fazer justiça, punir os réprobos morais, submeter os insubmissos, vingar-se do abandono a que fora relegado pelos tempos longos.
As multidões que se reuniam na praia
fresca do rio fascinavam-se por temor, por necessidade de um Salvador.
Elucidava que Ele era tão grande, o Triunfador a quem servia, que não era digno sequer de amarrar os cordéis das Suas sandálias.
E batizava, lavando simbolicamente as
misérias do homem comprometido, a fim de que ressurgisse o novo ser aureolado de
bênçãos.
Não conhecia ainda o Messias, mas adivinhava-O.
Inesperadamente, em formosa manhã, no
meio da multidão Ele surgiu, aproximou-se, e os seus olhos detiveram-se uns nos
outros, então ele exclamou, tomado de lágrimas e sorriso: - Este é o Cordeiro de
Deus que tira o pecado do mundo!
Como Ele era belo e manso, suave e
meigo, discreto e amoroso!
Aquele Homem-sol curvou-se diante dele e disse-lhe: - Cumpre as profecias...
Estranho temor tomou-lhe todo o corpo
austero e pensou como seria possível ao servo permanecer ereto enquanto o Rei
se dobrava com sublime humildade.
Era seu primo e não O conhecia, era
seu mentor e ele O serviria...
A partir daquele momento inolvidável,
o seu verbo amaciou, a sua voz passou a cantar, a sua vida se modificou.
Antes de morrer, inquieto e
expectante, enviou-Lhe dois discípulos, a fim de que tivesse a confirmação de
ser Ele o Messias.
Desejava retornar à pátria em paz e
segurança.
Na terrível noite da fortaleza de
Macaeros ou Maqueronte, na Pereia, após o longo cativeiro de meses, a sua voz
foi silenciada pela espada do sicário Herodes Antipas, por solicitação de
Salomé, filha da sua mulher ambiciosa e atormentada...
Na madrugada espiritual que passou a vestir Israel de luz,o canto de amor começou a ecoar desde as praias do mar da Galileia até a tórrida Judeia, dos contrafortes dos montes Galaad, da cadeia de Golan até a longínqua região do Aravá, o vale que se estende além do Mar Morto, por toda parte.
As multidões que acorriam para vê-lO,
para ouvi-lO, eram mais ou menos iguais às de hoje, ansiosas e sofredoras,
inebriando-se com a melodia rica de beleza, de suavidade, de esperança.
As ráfagas ora brandas da alegria penetravam os casebres e os bordéis, as sinagogas e as ruas, diminuindo a aspereza do sofrimento.
As ráfagas ora brandas da alegria penetravam os casebres e os bordéis, as sinagogas e as ruas, diminuindo a aspereza do sofrimento.
Os corpos em decomposição refaziam-se ao delicado toque das Suas mãos, enquanto os olhos apagados recuperavam a clara luz da visão, os ouvidos moucos se abriam aos sons e a Natureza explodia em festa de perfume e de estesia.
Por onde Jesus passava nada permanecia
como antes.
O Messias do amor chegara sem
exércitos, sem clarins anunciadores, sem forças de impiedade e, por isso, não
foi bem recebido pela ímpia Judeia, pelos iludidos do mentiroso poder temporal.
Seu incomparável canto ainda prossegue, há dois mil anos incessantes, convidando com invulgar ternura: - Vinde a mim e eu vos consolarei...
Seu incomparável canto ainda prossegue, há dois mil anos incessantes, convidando com invulgar ternura: - Vinde a mim e eu vos consolarei...
Incompreendido ainda hoje, submetido
às nefárias paixões dos séculos, imposto a ferro e a fogo no passado, deixado
ao abandono, jamais se apagou da memória da Humanidade que sempre O tem
necessitado.
E hoje, como naqueles dias de turbulências e de incompreensões, de poder mentiroso e arrogância doentia, a Sua música prossegue e é ouvida somente por aqueles que silenciam o tormento, deleitando-se com o Seu convite e declaração graves: -É leve o meu fardo e suave o meu jugo.
Vinde!
Ele veio como uma primavera de bênçãos para sempre e aguarda!
Ele veio como uma primavera de bênçãos para sempre e aguarda!
Pelo Espírito Amélia Rodrigues,
Psicografia de Divaldo Pereira Franco, na reunião mediúnica de 31 de julho de
2013, no Centro Espírita Caminho da Redenção,em Salvador, Bahia. Do site:
http://divaldofranco.com.br/mensagens.php?not=347
http://divaldofranco.com.br/mensagens.php?not=347
O HOSPITAL ESPIRITUAL DO MUNDO
agradece o irmão e médium DIVALDO PEREIRA FRANCO pelo artigo que iluminou este
espaço de aprendizagem e encontros Sagrados.
Se deseja compartilhar e divulgar
estas informações, reproduza a integralidade do texto e cite o autor e a fonte.
Obrigada. Hospital Espiritual do Mundo.
NOTA.: As imagens usadas neste site foram tiradas da net sem autoria das mesmas. Caso alguém conheça o autor das imagens, agradeceremos se nos for comunicado, para que possamos conferir os devidos créditos. Grata, Esperança.
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